Cuiabano de 70 anos registra na memória a maioria dessas histórias.
Descendente de ex-governador da Província escreveu livro sobre causos.
As ruas estreitas e casarões do Centro de Cuiabá, que completa 294 anos de fundação nesta segunda-feira (8), guardam histórias e lendas que a maioria dos cuiabanos "não acredita, nem duvida". Muitos desses "causos" estão registrados na memória do cuiabano Aníbal Alencastro, de 70 anos, que é professor e descendente de Antônio Pedro Alencastro, governador da Província de Mato Grosso no século 18.
Entre as lendas estão as de assombração, como a do estudante de direito que conheceu uma bela moça em um baile de carnaval no antigo Clube Feminino de Cuiabá, na Rua Barão de Melgaço, centro da cidade, onde hoje abriga a Secretaria de Cultura do município. "A moça era linda e usava máscara. Quando deu meia-noite ela quis ir embora e falou para o rapaz. Estava chovendo e ele falou que a levaria em casa. Ele então pegou a capa de chuva dele e a cobriu. Eles saíram em um táxi, que na época era chamado carro de praça", relatou.
'Amor de mãe'Segundo o historiador, o jovem era de família tradicional da cidade e estudava no Rio de Janeiro. Nessa época, no entanto, passava as férias na capital. "Quando o carro passou na frente do Cemitério Nossa Senhora da Piedade, ela pediu para parar porque era ali que morava. A moça entrou no cemitério à noite e deixou o rapaz confuso. Sem se conformar com a história, ele procurou o taxista no dia seguinte e pediu que fosse com ele até o cemitério de novo para que pudesse verificar o ocorrido. Lá o estudante conversou com o zelador que procurou o nome da jovem, Teodora, e encontrou em um livro de mortos. Ela já tinha morrido há cinco anos. O jovem pediu para ver o túmulo dela e então viu a foto da moça com quem ele tinha dançado na noite anterior. A capa de chuva que ele tinha emprestado estava em cima do túmulo", relatou.
Uma das histórias que se tornou lenda, mas que o cuiabano disse ter lido em um jornal da época, se passou em uma estrada do município, onde um caminhoneiro foi parado por uma mulher que lhe pediu ajuda. "Ela pediu ajuda dele para que fosse até um local onde tinha acontecido um acidente porque tinha uma criança viva no carro. O caminhoneiro foi e quando chegou lá as pessoas falaram que não era para ele ir até o veículo, mas ele foi e encontrou a criança viva no colo da mãe que já estava morta. E a mãe era a mulher que tinha pedido ajuda dele na estrada", contou o historiador, que é autor do livro 'Cuyabá: histórias, crônicas e lendas'.
Muitas histórias de assombração, no entanto, surgiram devido à falta de iluminação das ruas da capital, principalmente as de lobisomem, na avaliação do cuiabano. Sem energia elétrica, as ruas eram iluminadas com candeeiros, uma espécie de grande lamparina acesa com querosene. "A luz era fraquíssima e, nesse momento, apareceram várias lendas do lobisomem. As pessoas diziam que saíam à noite e viam um cachorro preto enorme", comentou.
Beco do Candeeiro está localizado no centro histórico de Cuiabá
(Foto: Tita Mara Teixeira/G1)
'Quim Proença'
No Beco do Candeeiro, primeira rua do Centro de Cuiabá, o comerciante Quim Proença virou história. Conforme relato de Aníbal Alencastro, ele tinha um restaurante no local e servia refeições às pessoas que trabalhavam nos garimpos localizados às margens do Córrego da Prainha. Ele era casado com uma mulher muito bonita e morria de ciúmes dela, tanto que nem a deixava sair de casa para ajudá-lo no restaurante, que sempre estava lotado de homens.
"Um dia alguém chegou e disse ter visto um homem entrando na casa dele. Quim ficou tão nervoso, revoltado, que pegou uma faca e foi até a casa. Lá viu um homem deitado na rede dele. Ficou tão furioso e, sem olhar para a pessoa, começou a esfaqueá-la no peito, quando ouviu a mulher dele gritar: Quim, você matou seu pai", disse, ao informar que o caso teria ocorrido no início da colonização de Cuiabá a partir da exploração do ouro.
'Barbeiro da Rua dos Porcos'
Sem conhecer a cidade, um caixeiro viajante que vendia produtos fabricados em outras cidades procurou um barbeiro que tinha enloquecido na velhice, mas que continuava com a barbearia aberta na antiga Rua dos Porcos, mesmo sem ter mais clientes. "O caixeiro entrou na barbearia, sentou e até chochilou. Quando acordou, ele levou um susto ao acordar e ver o barbeiro com a navalha afiada nas mãos, dizendo: tem um voz mandando eu cortar seu pescoço e outra falando que não é para eu cortar", contou o historiador.
'Alavanca de Ouro'
Outra história que Aníbal garante ser verdade é a dos escravos que trabalhavam em um garimpo onde hoje está situada a Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, perto do Morro da Luz. Os trabalhadores acharam uma pepita de ouro, mas não queriam quebrá-la e para retirá-la inteira começaram a escavar em volta dela. Só que a pepita era tão grande e a forma que estava cavando não era a mais correta e eles foram soterrados. "Depois disso foi construída uma capela no local onde eles ficaram soterrados e anos depois foi erguida a igreja", afirmou. O causo ficou conhecido como a 'alavanca de ouro', porque o pedaço de ouro teria uma forma de alavanca.
'Quim Proença'
No Beco do Candeeiro, primeira rua do Centro de Cuiabá, o comerciante Quim Proença virou história. Conforme relato de Aníbal Alencastro, ele tinha um restaurante no local e servia refeições às pessoas que trabalhavam nos garimpos localizados às margens do Córrego da Prainha. Ele era casado com uma mulher muito bonita e morria de ciúmes dela, tanto que nem a deixava sair de casa para ajudá-lo no restaurante, que sempre estava lotado de homens.
"Um dia alguém chegou e disse ter visto um homem entrando na casa dele. Quim ficou tão nervoso, revoltado, que pegou uma faca e foi até a casa. Lá viu um homem deitado na rede dele. Ficou tão furioso e, sem olhar para a pessoa, começou a esfaqueá-la no peito, quando ouviu a mulher dele gritar: Quim, você matou seu pai", disse, ao informar que o caso teria ocorrido no início da colonização de Cuiabá a partir da exploração do ouro.
'Barbeiro da Rua dos Porcos'
Sem conhecer a cidade, um caixeiro viajante que vendia produtos fabricados em outras cidades procurou um barbeiro que tinha enloquecido na velhice, mas que continuava com a barbearia aberta na antiga Rua dos Porcos, mesmo sem ter mais clientes. "O caixeiro entrou na barbearia, sentou e até chochilou. Quando acordou, ele levou um susto ao acordar e ver o barbeiro com a navalha afiada nas mãos, dizendo: tem um voz mandando eu cortar seu pescoço e outra falando que não é para eu cortar", contou o historiador.
'Alavanca de Ouro'
Outra história que Aníbal garante ser verdade é a dos escravos que trabalhavam em um garimpo onde hoje está situada a Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, perto do Morro da Luz. Os trabalhadores acharam uma pepita de ouro, mas não queriam quebrá-la e para retirá-la inteira começaram a escavar em volta dela. Só que a pepita era tão grande e a forma que estava cavando não era a mais correta e eles foram soterrados. "Depois disso foi construída uma capela no local onde eles ficaram soterrados e anos depois foi erguida a igreja", afirmou. O causo ficou conhecido como a 'alavanca de ouro', porque o pedaço de ouro teria uma forma de alavanca.
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